Geometria de Prelúdio - Alcina Marques de Almeida´s painting

Produto n.º: 7
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  • Fabricante: Alcina Marques de Almeida

Obra disponível - Geometria de prelúdio

Óleo sobre tela

60x80

 

A sedução de Alcina Marques de Almeida

"A Quarta Sedução" é o segundo livro de uma nova escritora que já não é jovem. Já com certa idade, descobriu nela, por força de grandes mudanças de vida, uma vocação sem treino prévio, sem estudos nem pré-conceitos, não só para as Letras como para as Artes.

Na pintura, Alcina Marques de Almeida fez um percurso à Picasso, bem completo, indo desde o realismo mais imitativo de uma Marilyn Monroe posando para um calendário (1), até à grande abstracção do quase monocromatismo que, entre nós, tem expoente maior na parte lisa da obra de Ângelo de Sousa.

Existe uma relação entre a poesia e a pintura de Alcina Marques de Almeida: a sua pintura, mesmo quando designável por "os verdes" , ou "os vermelhos" - significando isto que à forma, ao significado ou ao sentido se sobrepõe a cor como elemento soberano - é de uma grande sensualidade. Essa sensualidade também se nota na poesia, no prazer evidente com que a autora maneja a linguagem. Se na pintura lhe interessa não o que ela possa representar mas o quadro, a cor dele, "os vermelhos", do mesmo modo na poesia lhe interessa o poema, essa criança que nasce dos seus dedos de mãe verbal espantada com os poderes de gerar: "Deixa-me só/ no limiar das algas/ até que a seiva da manhã me invada/ e o poema triunfe" (pág. 21).

A seiva invade tudo, dando pujança a uma imageria, passe o neologismo, se o for, de uma força biológica, ou essente, passe de novo o neologismo, se o for, que não fica atrás da de Herberto Helder. "O casulo encharcado de fogo" (pág. 59) não ficaria mal entre a joalharia metafórica de "Cobra", por exemplo. Num e noutro poeta, a sedução exercida pelos materiais com que o artista trabalha é irresistível: ambos se apaixonam pela capacidade de tintas e palavras gerarem mundos inebriantes de maravilhas.

Não se pode falar de estilo em relação à autora, pois facilmente se verifica que ela dispõe de poderes para envergar qualquer fato, qualquer máscara: passar dos "verdes" aos "vermelhos", ou vice-versa, não é uma questão de pintura, sim de estado emocional. Então falemos de personalidade, e com isto saímos do livro e do quadro, para recuperarmos a noção de autor, Mater procriadora, como o poema abaixo deixa claro, na sua fêmea ebriedade.

Britiande, 5 de Abril de 2006



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